sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Mercado gay pode ser lucrativo e feira de negócios aponta oportunidades


Oferecer produtos e serviços voltados ao público LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais) pode ser lucrativo e esse mercado já desperta o empresariado. Tanto que nesta sexta-feira (10) e sábado (11) acontece, em São Paulo (SP), o Expo Business LGBT Mercosul, feira voltada para estimular negócios no setor.

O evento, que está na segunda edição, contará com palestrantes de grandes empresas, entidades nacionais e internacionais, como a Prefeitura de Tel Aviv, em Israel, cidade referência em turismo gay. Empreendedores interessados em trabalhar com esse nicho terão a oportunidade de entender as peculiaridades e exigências desse público. A entrada é gratuita.

O mercado é atrativo. De acordo com a organização do evento, com base em dados da Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, os homossexuais no país são, aproximadamente, 18 milhões de pessoas e gastam, em média, 30% a mais em bens de consumo do que os héteros.

“Isso não significa que os homossexuais são mais ricos ou mais bem-sucedidos. Eles, apenas, não têm tantos familiares ou filhos para gastar dinheiro. O que sobra acaba sendo gasto em viagens, entretenimento e bens de consumo”, afirma o organizador da feira, Luiz Redeschi.

Quem souber atender bem pode levar vantagem

O atendimento ao cliente é a maior carência do mercado para Redeschi. No comércio, principalmente, é comum os homossexuais passarem por situações constrangedoras. Por isso, os empresários devem investir no treinamento de seus funcionários. E quem souber atendê-los bem pode levar vantagem competitiva.

“Não precisa de tratamento especial. Basta ser igual, independentemente do sexo. Se dois rapazes entrarem numa loja, o funcionário deve mostrar a cama de casal assim como mostraria para um homem e uma mulher. O mercado tem de fazer isso e não pendurar uma bandeirinha colorida do lado de fora”, diz.

O turismo é o setor que está mais avançado no atendimento ao público LGBT, segundo Redeschi. Hotéis já recebem reservas de casais gays sem nenhum tipo de constrangimento para o cliente. “Um casal gay pode chegar em um hotel e, com toda a naturalidade, o atendente pergunta se querem camas de casal ou solteiro.”

Irmãs abrem agência de viagens para público gay

É no turismo que as irmãs e sócias Maria Carolina Diniz, 34, e Maria Cecília Diniz, 36, apostam. Há nove meses, elas criaram a MCD Travel, agência de viagens e eventos para o público LGBT.

Por frequentarem ambientes gays, elas perceberam que este público não tinha muitas opções para recorrer quando queriam viajar ou realizar festas de casamento (sem cerimônia religiosa). Foi aí que nasceu a ideia de negócio.

“Havia pouco espaço nas áreas de turismo e eventos. Por isso, focamos nossos esforços em um público específico que já conhecíamos, oferecendo um serviço diferenciado e de alto padrão”, afirma Maria Carolina Diniz.

Empresa tem dificuldade para conseguir anunciantes


  • Divulgação Augusto Rossi, diretor de marketing do grupo Disponível.com
Empresas que atuam voltadas ao público LGBT ainda precisam vencer algumas barreiras. Há nove anos no mercado, o grupo Disponível.com – que conta com um portal homônimo de relacionamentos para gays, um site de notícias e uma loja virtual – ainda enfrenta dificuldades para conseguir anunciantes.

De acordo com o diretor de marketing do grupo, Augusto Rossi, 34, as grandes empresas ainda são resistentes e têm medo de associar suas marcas ao público LGBT. “Temos uma grande audiência, mas não conseguimos grandes anunciantes”, diz.

O portal Disponível.com, principal marca do grupo, possui 720 mil usuários cadastrados em todo o Brasil, segundo Rossi. Há um ano, o site se expandiu para a Argentina, onde já conta com 30 mil cadastros.

Entender comportamento do público é essencial

Para o professor da pós-graduação em ciências do consumo aplicado da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing) Fábio Mariano Borges, entender o comportamento da clientela é essencial para quem trabalha com um público segmentado.

No caso do mercado LGBT, o empresário não precisa ser, necessariamente, homossexual para entender o comportamento do seu público, mas ele tem de estudar e compreender os gostos e necessidades de seus clientes. “Um empresário pode atuar em qualquer segmento. Do contrário, teríamos apenas mulheres vendendo para mulheres, idosos vendendo para idosos e assim por diante”, diz.

Segundo Borges, segmentar um público é abrir mão de outros. Neste caso, o risco está na estratégia de negócio e a empresa precisa saber conduzir seu posicionamento. “O mercado é segmentado por atitudes. Temos produtos para a geração digital, para a melhor idade, para esportistas, para crianças rebeldes e, agora, para o público LGBT”, declara.

 

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