A data de 3 de outubro será feriado no Rio
Grande do Norte, em comemoração ao Dia dos Mártires de Uruaçu e Cunhaú. Mais um
feriado… e santo! Me choca mais ainda é quando analisamos os porquês do feriado.
Entro um pouco mais fundo na “história” por que a “istória”de Cunhaú me
intriga. A grande parte da sociedade e de religiosos só conhecem um lado da
moeda… aquilo que “alguns” insistem em contar. O que na verdade
aconteceu? Porque os historiadores laicos divergem da história oficial? Porque
o Governo do Estado do Rio Grande do Norte apressou-se em aceitar mais um
feriado santo e gastar com construções em beneficio a uma religião
especifica?
Não queremos aqui minimizar o massacre, o
sofrimento das vidas que foram perdidas naquele local. Isso foi verdadeiro, mas
devemos ser honestos com a história, não cedendo a pressões
religiosas mais deixando a liberdade de pesquisa, de imprensa,
registrar a outra face não contada. Esse caso de Cunhaú é extremamente
controverso. Mas reina uma versão aceita pelos leigos e por alguns intelectuais
que não buscaram conhecer o outro lado da história. Se na história não podemos
eleger nosso herói, não podemos afirmar sobre o bandido, como a “versão”
autorizada afirma que foi culpa do governo holandês orientado por um Pastor
Evangélico. A história relatada por Cascudo e demais historiadores que defendem
que o massacre não foi obra do governo holandês tem uma razão de ser, bem como a
minha história.
Ao relatar uma história, não conseguiremos
isentar totalmente de nossos pressupostos, inclusive os religiosos. Mas fato
deste escritor ser protestante não impedirá e não porá em cheque suas
argumentações que devem ser analisadas a partir do viés da história laica . Este
site é informativo, de pesquisa e de lazer. Avisando para aqueles que são
religiosos que não se fruste diante de fatos que não lhe contaram ou que seja
difícil você aceitar. Clique no “X” e visite um outro site, este não é um lugar
para você estar.
1 – É preciso entender (ou
buscar na história laica) que não foi o governo holandês que ordenou a chacina.
Na verdade, a outra versão que fazemos aqui o levante, narra que foi uma
vingança por parte dos índios que ali moravam ajudados por uma outra tribo da
Bahia. Todos esses, se revoltaram devido notícias da crueldade cometidas pelos
portugueses para com os indígenas. No início da revolta (13/6/1645), isso é
aceito pela maioria dos historiadores (laicos) que por onde passavam os
portugueses e estabeleciam seu domínio, a violência, a morte estavam presente de
forma cruel. Os “brasilianos” (como eram chamados os índios tupis) fugiam para
bem próximo das fortificações holandesas, que eram difíceis de serem atacadas e
destruídas. Outros decidiram evitar o desastre aparentemente inevitável e
pegaram em armas. Foi isso que aconteceu em Cunhaú.
“No Rio Grande do Norte, a população
indígena consistia em grande parte de índios antropófagos (tapuias), sob a
liderança do seu cacique Nhanduí. Para os holandeses, os tapuias significavam um
bando de aliados um tanto inconstantes, pois eram um povo muito independente,
que não aceitava ordens de ninguém, mas decidia por si o que era melhor para sua
tribo. Um tal de Jacob Rabe, casado com uma índia, servia de ligação entre eles
e o governo holandês”. (Schalkwijk – 1986).
Os holandeses eram considerados como os
libertadores da opressão portuguesa. E, por várias vezes, esses índios quiseram
aproveitar-se da situação de derrota dos portugueses para vingar-se da violência
anteriorComo acontecera no Ceará em 1637, em 1645 os índios procuraram matar
todos os portugueses da região, que foram protegidos pelos holandeses, por meio
das armas.. Os tapuias sentiram que, com o início da revolta contra os
holandeses, eram eles ou os portugueses. No dia 16 de julho, começaram por
Cunhaú, massacrando as pessoas que estavam na capela e posteriormente, numa luta
armada, os restantes.
2. O nome do Pastor
protestante Rev. Jodocus à Stetten que era capelão do exército holandês está
ligado a esse episódio de Cunhaú, é preciso observar e entender que exatamente o
contrário do que alguns afirmam, esse pastor foi enviado pelo governo holandês
do Recife para acalmar os ânimos dos indígenas. Porém, os índios, não entendiam
como os holandeses podiam defender seus inimigos mortais. 3 . É
preciso também registrar que esse sim: Como afirma Schalkwijk, o Algoz-mor de
Cunhaú: Jacob Rabe alguns meses depois do massacre, esse funcionário da
Companhia das Índias Ocidentais, que havia recebido o pastor Jodocus de pistola
em punho, foi morto por ordem do próprio governador da capitania do Rio Grande
do Norte, Joris Garstman. O capitão Joris era casado com uma senhora portuguesa
que havia perdido muitos parentes em Cunhaú. Na história não podemos eleger
nossos heróis, mas os inimigos, o algoz, sempre queremos descobrir que o foi.
Nesse relato, apresentamos uma outra versão que evidentemente não esclarece de
um todo, mas apresenta através de três pontos que a história precisa ser
revista.
João Bosco de Sousa – Escritor, Teólogo
Cientista da Religião pela UERN. ( Nordestino, nascido em Natal sem familiares
holandeses ou calvinistas). (tomando como base o texto de Francisco Schalkwijk –
Doutor em história na Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo. É
autor do livro Igreja e Estado no Brasil Holandês (1986).).
O BRASIL É UM ESTADO LAICO?
Professor Jota Bê