Samarone e sua falecida mãe Mariquinha
CARTA DE DESABAFO
Venho por meio deste desabafo dizer o que todo mundo já sabe: a saúde pública em Caicó, região do Seridó e em todo o nosso Estado do Rio Grande do Norte, vai de vento em popa. De vento em popa para o BURACO, para o CAOS, para o DESESPERO.
No dia 07 (sete) de junho de 2012, há exatamente um ano, portanto, perdi minha mãe, Dona Mariquinha, conhecida como Mariquinha de João Rico , vítima de um infarto. Perdi minha mãe não para a doença, mas sim para a saúde pública de Caicó. Ela não foi vítima apenas de um infarto, mas sim do descaso com o qual as pessoas que elegemos tratam o povo de nossa cidade e região.
Dona Mariquinha foi internada no Hospital Regional no dia 03 (três) de junho do ano passado, com sintomas de problemas cardíacos, em virtude do infarto sofrido naquele dia, e estava na UTI daquela unidade de saúde aguardando ser transferida com urgência para Natal, já que em Caicó não havia, e até hoje não há, a estrutura mínima necessária para resolver problemas de saúde como o que acometeu minha mãe.
O Hospital Regional, como o próprio nome já diz, é referência de atendimento para quase 200 (duzentas) mil pessoas no interior do Estado do Rio Grande do Norte. Atende diversas cidades vizinhas, já que também nesses municípios não há assistência médica adequada.
Entretanto, não obstante a importância desse Hospital para Caicó e região, o que se vê é o completo descaso por parte do Governo, já que até materiais hospitalares básicos estão em falta. Não há sequer profissionais com especialização em medicina e/ou terapia intensiva para atuação exclusiva na UTI. Faltam equipamentos, medicamentos, e até a limpeza é ineficiente. Por outro lado, existem equipamentos de última geração abandonados porque não há quem faça a instalação, conforme foi até noticiado pelo programa Profissão Repórter da Rede Globo, exibido em 05/06/2012, que veio ao Rio Grande do Norte, mais especificamente em Caicó e outras cidades, para mostrar o caos no qual se encontra a saúde pública do nosso Estado.
Adoecer em Caicó e região hoje, assim como há muito tempo, é saber que existe o risco iminente da morte à mingua, sem assistência adequada, até por moléstias que não são sequer consideradas graves.
O problema, como todos já sabem, não acomete só adultos e idosos. Nossas crianças precisam nascer em outros municípios, já que em Caicó o risco de morte ou sequelas permanentes no parto são maiores do que nos outros lugares. Há, inclusive, casos que a imprensa noticia sobre o total despreparo de médicos obstetras, os quais, ao invés de auxiliar as mães em momentos tão especiais e delicados como o são os nascimentos de seus filhos, terminam por causar-lhes traumas físicos e psicológicos permanentes.
Perdi minha mãe pela total ineficiência do sistema de saúde do Estado do Rio Grande do Norte, que não foi capaz de conseguir um leito adequado para o seu tratamento em prazo hábil, mesmo após os incessantes apelos de pessoas muito queridas e influentes, como Jalmir Simões, que usou até as redes sociais para tentar salvar a vida daquela que eu tanto amava e continuo amando.
Um ano depois, constato que a saúde de Caicó, ao invés de salvar vidas, vem constantemente decretando sentenças de morte. Decretou a de Dona Mariquinha, minha mãe, como a de tantas outras pessoas. Até quando isso irá acontecer?
Samarone Dantas de Medeiros
Do Blog: Mostramos já aqui vários casos da falta de compromisso do governo do estado para Caicó e até agora nada…O Hospital Regional continua um caos e agora sem direção…Caicó merece isso mesmo?
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